Autoridades em saúde debatem em Brasília o surto de toxoplasmose

Dois dias após o surto de toxoplasmose ser debatido em Santa Maria, quando as autoridades em saúde afirmaram que a origem pode ser da água ou de hortaliças, o assunto hoje está em pauta no Senado em Brasília. A audiência está sendo transmitida ao vivo pela TV Senado e no Youtube (acima).

Em Brasília, participam o superintendente da Vigilância em Saúde de Santa Maria, Alexandre Streb; a procuradora-geral de Santa Maria , Rossana Schuch Boeira; e a secretária de saúde de Santa Maria, Liliane Mello Duarte, junto com a procuradora da República, Tatiana Almeida de Andrade Dornelles; o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Osnei Okumoto ; e o senador Paulo Paim. Em Santa Maria, por videoconferência, participam os médicos infectologistas Jane Costa, Alexandre Schwarzbold e Paula Martinez.

A procuradora da República afirmou que esse é o maior surto de toxoplasmose do mundo, com 569 pessoas infectadas até o momento, sendo 50 gestantes confirmadas. 

- Santa Maria precisa de ajuda e de um reconhecimento que isso é um caso grave. Nós temos todo o mesmo interesse, que é o bem de Santa Maria e da sociedade - afirmou Tatiana. 

A médica infectologista Jane Costa, por meio de videoconferência, reforçou a gravidade do surto. 

- Em hipótese alguma nós podemos passar para a população uma ideia de segurança quanto as fontes ambientes, como a água e alimentos. Todas as pessoas tem de manter os cuidados. Sobre a recomendação para não se engravidar neste momento se deve porque é muito grave trabalhar com uma gestante infectada - explicou Jane. 

A secretária Liliane falou sobre o risco da doença na gestação, e salientou a necessidade de orçamento, principalmente para o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), onde as grávidas recebem o tratamento. 

- Venho aqui pedir apoio, e o principal apoio que precisamos agora é verba. O Ministério da Saúde participou na investigação com um papel importante, mas nós precisamos de mais - completou.

O médico infectologista do Husm, Alexandre Schwarzbold, sinalizou que o esse surto deve servir como modelo para que o Ministério da Saúde estabeleça um protocolo para a doença.  

- A partir disso, há exigência de provimento desses insumos para confirmações de casos e tratamentos, que nos faltam - apontou Schwarzbold.

ENCAMINHAMENTOS E DEMANDAS 
Ao final da audiência pública, que durou cerca de 2 horas e meia, foram definidos alguns encaminhamentos considerados urgentes referentes ao surto, que incluem mais investimentos para o tratamento de pacientes em atendimento, a criação de protocolos nacionais e reforço da verba destinada à cidade para o acompanhamento e investigação (confira a lista completa abaixo). As demandas serão oficializadas ao Ministério da Saúde pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Osnei Okumoto, que esteve presente na audiência e se comprometeu em encaminhar ao órgão para que as solicitações sejam implementadas. 

• Mais investimentos para tratamento da epidemia de Toxoplasmose em Santa Maria
• Promoção de políticas de prevenção de Toxoplasmose em nível nacional
• Criação de protocolo de diretrizes terapêuticas em casos de epidemia de Toxoplasmose
• Ampliação da sorologia do teste do pezinho para incluir o teste de Toxoplasmose
• Diretriz para exame mensal de Toxoplasmose no acompanhamento Pré-Natal
• Planejamento para atendimento dos pacientes com sequelas oculares
• Reforço da verba destinada para Vigilância em Saúde
• Reforço da verba para o Hospital Universitário de Santa Maria que atende gestante com Toxoplasmose e crianças com Toxoplasmose Congênita
• Habilitação do Ambulatório de Gestante de Alto Risco do Hospital Universitário de Santa Maria